Quando observamos a trajetória de Alexandre Dacosta, iniciada na década de 80, nos deparamos com uma inquietação expressa nas diversas linguagens e suportes com os quais o artista vem trabalhando. Esta multiplicidade revela-se, tendo como fio condutor sua aguçada percepção traduzida na unidade com a qual consegue alinhavar repertórios dispares, porém, complementares. Assim, as artes visuais, a música, o cinema e o teatro, áreas pelas quais Alexandre transita com desenvoltura, formam um todo coerente em diálogo com os meandros atravessados, sobretudo, por uma visão bem humorada do mundo. A Poesia Visual é o campo com o qual o artista vem se dedicando com mais afinco nos últimos anos, sendo esta produção escolhida pela curadoria para estar no Terra em Transe. Sobre a poesia visual de Alexandre Dacosta, Ferreira Gullar, em 2013, escreveu para o jornal Folha de São Paulo: “Ao contrário de outros artistas que tentam impor-se pelo gigantismo das obras, Alexandre inventa pequenos objetos, à vezes ‘máquinas inúteis’, à La Picabia. Exemplo: o “receptor descartável de impropérios”, e outro, chamado “Suruba”, feito de tomadas elétricas encaixadas umas nas outras. Há um outro, que consiste num sapato com rodas de patins e uma hélice que o faria levantar voo. Ele define seus objetos como “inutensílios capazes de deslocar a percepção para uma invertida reflexão do cotidiano”. Trata-se de uma das manifestações mais inteligentes e criativas dentre as que vi ultimamente nesse gênero de arte”.