Paulo Nazareth é andarilho, ciclópico e indagador. Sua teia de trabalho se expressa, sobretudo, pelas suas relações e trocas com as pessoas que encontra pelo seu caminho; pessoas em diásporas, pessoas migrantes. Seu trabalho trafega entre denúncias, gestos, pinturas, performances, instalações, territórios e infinitos contatos que se estruturam por um zelar e comprometimento terceiro-mundista. O constante desafiar das normatividades, preconceitos étnico-raciais e territoriais são máximas em suas explorações. Ainda que seu corpo de trabalho possua uma dimensão velada pelos encontros e pela oralidade, ele se manifesta em vídeo, fotografia, objetos encontrados, esculturas, panfletos, etc. Outro aspecto de sua obra reside na possibilidade constante de gerar debate e criação através de projetos que são encaminhados pelo próprio artista para discussão pública e acessível de questões relacionadas ao modo de operar da ideologia colonial dominante. Relatos, memórias, conceitos e ancestralidade pontuam precisamente seu trabalho. Tratam-se de obras que redirecionam o olhar não apenas para a indagação de sistemas, fronteiras, ideais modernos e identidades nacionais mitológicas, mas também para formas de inserção de agentes e alteridades amplamente invisibilizados. A marginalidade, e a própria ideia de margem é encarada e recolocada como centro em sua obra.